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quarta-feira, 22 de junho de 2011

A escola Maiêutica participa do GALERA C.Q.D.


Terça feira, dia 21 de junho, os alunos da Escola Maiêutica participaram do nosso debate no programa GALERA C.Q.D. na Rádio Cidade FM. O objetivo desse programa, que acontece às terças e quintas, às 16h, é debater assuntos de interesse geral, propor enigmas, ouvir opiniões, divulgar curiosidades e distribuir prêmios para quem participa, pelo telefone. O tema debatido nesse segundo programa foi: até onde os alunos brasileiros migrarem para cursar medicina em países do MERCOSUL, como Argentina e Bolívia, por exemplo, é uma coisa positiva. O aluno de terceiro ano do ensino médio Matheus Augusto de Paula defendeu a ida dos alunos para países visinhos para cursar medicina. Já a aluna, de mesma série, Paloma Ferreira de Paula condena a prática. Vejamos o resumo do debate:

ARGUMENTAÇÃO INICIAL (ATÉ 3 MIN)

Matheus: [“Eu sou a favor dos alunos estudarem medicina fora do país, em países do mercosul. Por que o custo pra estudar medicina aqui no Brasil, nas faculdades particulares, é muito alto. Então, muitas famílias não têm condições de pagar, pois são mensalidades de R$3.000,00 ou até R$7.000,00. Portanto eles acabam “atalhando” esse sonho de ser médicos pra uma faculdade com uma mensalidade menor, num país onde o custo de vida é menor também. Além disso, as notícias que tenho na internet, através de depoimentos dos próprios alunos que optam por essa alternativa, dizem que o ensino de medicina nessas escolas é bom, não é ruim. Pelo contrário. Segundo esses alunos, esse ensino torna os alunos capazes de exercer a função de médicos, mesmo aqui no Brasil. Infelizmente, há a dificuldade em obter o CRM. Realmente existem pessoas que saem do país por que não conseguiram cursar medicina no Brasil em faculdades públicas. Isso ocorre, muitas vezes, por que o pré vestibular deles, ou o terceiro ano não foi tão bom ou ele não aproveitou direito. Mas também há aqueles que se dedicaram bastante e mesmo assim não conseguiram passar numa faculdade pública. O número de concorrentes é muito alto frente a um número de vagas pequeno. A única saída para eles acaba sendo ir para países do MERCOSUL para realizarem o sonho de fazer medicina.”]

Paloma: [“Eu sou contra essa alternativa por que nós não sabemos o grau de comprometimento dessas faculdades, em relação à formação do profissional. Também desconhecemos se as instituições desses países são aptas pra aferir a qualidade de ensino proporcionada. Por que, aqui no Brasil, existem instrumentos como o ENADE, que é organizado pelo MEC, que avaliam, ou pelo menos tentam avaliar, as faculdades. Sou contra também, a esse tipo de “atalho”, por que já que alguns alunos não se esforçaram no ensino médio, como que eles vão estar aptos a fazer um curso de medicina? Ainda mais se formarem numa profissão que lida diretamente com vidas humanas. Depois, ainda há a dificuldade, retornando ao Brasil, de obter o reconhecimento legal do diploma.”]

RÉPLICA (ATÉ 5 MIN)

Matheus: [“Eu até concordo com o que a Paloma falou, sobre os alunos que não foram competentes na sua preparação para o vestibular que, provavelmente, eles não terão a competência ou a capacidade de fazer um curso de medicina. Mas também há, aqui no Brasil, os alunos que fazem faculdade particular e que, mesmo os pais podendo pagar a faculdade, alguns não serão bons médicos. E, mesmo não sendo bons médicos, terão direito ao CRM, o que lhes dará o direito a exercer a profissão, trabalhando com vidas e estarão arriscando a vida dessas pessoas. Muitos alunos, que se formam nos países visinhos nossos, acabam ficando por lá e exercendo sua profissão nesses países. Eu trouxe alguns dados para acrescentar à discussão. Aqui no Brasil, temos cerca de 347 mil médicos e a cada ano se formam mais 13 mil novos médicos. Porém, há uma distribuição muito mal feita desses profissionais. No estado de São Paulo temos 1 médico para cada 240 habitantes. Já no Acre, temos 1 médico para cada 980 habitantes. Essa taxa é comparável à de países africanos, com um sistema de saúde bem precário.”]

Paloma: [“ Sobre o que ele disse sobre os alunos que se esforçam e não conseguem ingressar numa faculdade pública brasileira, se eles se esforçaram mesmo, por que não conseguiram passar aqui numa faculdade? E se o ensino lá nesses países é bom, por que não há nenhum tipo de prova de seleção para entrar na faculdade? E mais uma vez insisto, não há notícia que exista nenhum mecanismo de avaliação do curso superior, como há aqui no Brasil o ENADE. E mais, essa diferença toda dos valores das mensalidades, por que é tão grande se lá os cursos forem, realmente, bons?”]

TRÉPLICA (ATÉ 3 MIN)

Matheus: [“Respondendo a pergunta da Paloma, sobre por que os alunos, aqui no Brasil, mesmo se esforçando, têm dificuldade de entrar em faculdades públicas de medicina, o por quê é a alta concorrência. Um exemplo recente foi no vestibular passado, para medicina, da UFTM. Se inscreveram cerca de 6 mil candidatos a 40 vagas para medicina. Os que se não entram, na melhor das hipóteses, acabam adiando um ano para fazer o sonhado curso de medicina. Na minha opinião, o ensino médio público deveria melhorar, permitindo assim que alunos, menos favorecidos economicamente, possam ter uma boa preparação e facilitar seu ingresso em boas escolas brasileiras para cursar medicina.”]

Paloma: [“Respondendo a pergunta do Matheus, o governo deveria distribuir mais os médicos pelo país pois no norte do Brasil, por exemplo, há poucos médicos para uma população bastante necessitada. Concluindo, na minha opinião, não compensa a pessoa sair do Brasil pra cursar medicina em países vizinhos. Eu acho que o custo acaba ficando maior. Há aqueles que não agüentam ficar lá fora e retornam sem terminar o curso, outros abandonam por não conseguirem acompanhar o curso. Os que conseguem se formar, acabam passando por dificuldades na hora de retornar e revalidar o diploma no Brasil.”]

E, finalmente, o resumo das considerações sobre o debate, do vice-prefeito e médico igarapavense Dr. José Humberto: [“...então, quando você fala que quer ser médico, mas não consigo fazer medicina no Brasil. Eu posso ir pra fazer no MERCOSUL. Tudo bem. Lá a mensalidade é mais tranqüila e eu não consigo passar numa federal brasileira. Lá eu não tenho nem vestibular. Mas a questão não se resume apenas a esses fatores. Por que eu tenho filhos de colegas que foram pra lá por que não conseguem, apesar dos pais terem dinheiro, passar nem nas particulares aqui do Brasil....o que esses alunos buscam, muitas vezes, é contornar também a dificuldade dos cursos de medicina brasileiros. Esses são casos de pessoas que não têm base para o vestibular e nem para o curso de medicina...Também foi comentado no debate que alunos que fazem medicina lá fora dizem que os cursos são bons. Na verdade um aluno não sabe avaliar se seu curso é bom ou não. Só quem já cursou pode avaliar se o curso é bom. Muitas vezes o que é ensinado te enche os olhos mas não te serve de nada na sua vida prática de profissional de medicina. Além de tudo, o perfil de pacientes do Brasil é diferente do perfil de outros países. Como você irá trabalhar bem aqui, quando retornar? E, finalmente, temos o problema da língua. A pessoa sai daqui, sem estar preparado pra um vestibular e chega lá pra fazer um curso em espanhol, castelhano. Será que vai entender e acompanhar as aulas? Mas eu não sou contra fazer esse curso no exterior. Eu sou a favor. Desde que haja uma regulamentação, que seria essa revalidação do diploma...não que o Brasil não tenha escolas de medicina ruins, nós temos escolas ruins aqui e muitas. Mas de ruins, já chegam as nossas. Formar médicos em escolas ruins fora do Brasil, pra se juntarem aos ruins daqui, aí não dá. Quanto à falta de médicos, em regiões de menor destaque econômico, citada no debate, isso ocorre aqui mesmo em Igarapava. Nossa cidade tem poucos médicos. Realmente os médicos querem ficar em centros maiores porque ganham mais e têm mais recursos para trabalhar, como equipamentos, número de leitos e etc. É muito mais fácil ser médico em Uberaba ou Ribeirão do que em Igarapava. E no norte do Brasil é mais difícil ainda que aqui. É necessário incentivar a ida de profissionais para diversas regiões do país, mas junto temos que criar estrutura para que o médico trabalhe com eficiência nesses lugares.”]
E esse foi o resumo geral do que aconteceu no segundo programa GALERA C.Q.D. Nossos agradecimentos ao Dr. José Humberto, aos alunos Matheus e Paloma, às diretoras da Escola Maiêutica Lucélia e D. Magda e ao Tenente Joel que coordenou os alunos para este debate.

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