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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Experimento da semana: "Entortando" a água.




Desorganizados e mal acostumados? ASSIM NÃO DÁ !!!

Que os alunos, de maneira geral, têm dificuldade em organizar sua vida estudantil, principalmente no que diz respeito ao tempo extra-classe, isso todo bom professor deve saber. E na medida do possível, os professores devem ajudar esses alunos a encontrar a melhor maneira de ajustar seus horários de estudo às suas agendas de atividades, tais como natação, curso de inglês, etc.
Como fazer isso? Fácil: é só manter em mente uma premissa que diz que “aula dada é aula estudada” e mostrar que o dia tem 24 horas: oito para dormir, duas pra café da manhã, almoçar, lanchar e jantar, cinco na escola, cinco pra estudar a matéria dada e ainda sobram quatro pra fazer o que mais quiser. Que fique claro que essa não é uma sugestão para modelo de horário, mas apenas uma demonstração de que é bem possível levar o estudo em dia. Basta ter organização e disciplina.
Por que é importante essa história de aula dada é aula estudada? Por que o sistema de ensino mais básico possível é constituído de algumas etapas:
1) Exposição e explicação do assunto, com a maior participação possível dos alunos (em sala de aula).
2) Pré-fixação do conteúdo apresentado com exercícios (em sala de aula).
3) Fixação final do conteúdo e aprofundamento dos assuntos, com exercícios mais complexos, pesquisas e etc. (em casa).
Para que a terceira etapa seja bem executada, é importante que ela seja implementada enquanto as etapas 1 e 2 ainda estão “frescas” na memória, ou seja, o quanto antes possível, de preferência, no mesmo dia em que o assunto foi ministrado pelo professor. Daí vem a recomendação: aula dada...aula estudada.
Bem, então é fácil perceber por que a falta de organização pode por a perder todo o resultado de um ensino que, muitas vezes, é desenvolvido de forma satisfatória no âmbito da sala de aula, mas que na etapa doméstica acaba se diluindo na ausência de disciplina do aluno.
Vocês devem estar se perguntando do por que da parte “mal acostumados” do título desse artigo, não é?
Pois vou lhes contar uma história acontecida comigo, ainda em Uberlândia, quando era professor e coordenador do COC de lá.
Uma excelente aluna, que queria prestar Medicina, me procurou para ajudá-la a organizar sua agenda de modo que ela pudesse manter a regra da aula dada, aula estudada, sem comprometer outras atividades como o curso de inglês, a aula de redação e etc. Prontamente, me dispus a otimizar seu horário e, para isso, levei toda uma manhã.
Por coincidência, na manhã seguinte, sua mãe passou pela escola, lá pelas 10 horas e me pediu para chamá-la na sala de aula. Eu disse à mãe que tínhamos o hábito de só interromper uma aula e retirar um aluno de sala em caso de urgência. Ela me disse que estava fazendo compras lá pelo centro e, como moravam longe, que queria saber se a filha não queria sair mais cedo e “aproveitar a carona pra casa ”...Oras...mas tem cabimento uma coisa dessas? A filha se matando pra ver se entra numa boa faculdade de Medicina, fazendo das tripas coração (as minhas e as dela) pra ajeitar seu horário de atividades e a mãe querendo tirar a menina da escola por um motivo desses...tenha dó, não é mesmo?
Pois isso acontece muito. É mais comum do que se possa imaginar, que pais não se envolvam no esforço escolar dos filhos e, pior ainda, que eles colaborem com a tendência, já natural do aluno, de se deixar levar pela inércia e pela falta de disciplina.
Que fique claro aqui que o processo de educar, ou de preparar um aluno para um vestibular por exemplo, é uma tarefa árdua e conjunta, que deve unir aluno, escola e família. Que a família deve estar atenta para os momentos de desânimo e de certa negligência do aluno, para que possa ajudá-lo a passar por essas situações. Que ela seja um fator positivo na tentativa do estudante de se organizar e obter uma metodologia própria de preparação para tentar ingressar na faculdade de seus sonhos.
A família sem a escola é cega e a escola sem a família é manca.