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terça-feira, 17 de maio de 2011

C.Q.D. ENTREVISTA PROFESSORA MARLENE BARBOSA


Na quarta-feira, dia 27 de Abril, esteve presente no programa C.Q.D. a querida professora Marlene Barbosa Ferreira para falar conosco sobre sua trajetória na educação e outros temas contemporâneos.
D. Marlene é formada em magistério (no antigo CENE e atual Bizutte), em Letras na FFCL de Uberaba (atual Uniube) e em Pedagogia na FFCL de Ituverava. Também possui mestrado em Letras na USP. Atualmente, é diretora do Lar Escola Alvorada Nova.
Perguntada sobre as principais diferenças entre lecionar no início de sua carreira e atualmente, disse não haver tanta diferença assim. O que aconteceu é que o mundo em si sofreu várias mudanças e a educação e os educadores devem acompanhar essas mudanças, tais como buscar uma capacitação constante e etc.
Com relação às principais dificuldades encontradas no exercício da profissão de educadora, ela considera que há muita resistência da sociedade (pais, principalmente) em aceitar que a escola e os educadores têm projetos específicos a serem levados a cabo. Essa dificuldade em entender as particularidades da escola leva, muitas vezes, a uma tentativa de interferência da família em relação ao cotidiano educacional. A família pode sim participar da vida da escola, porém essa participação não deve invadir o âmbito das questões reservadas aos profissionais de educação, os quais possuem a formação adequada para lidar com tais assuntos. Devem participar apenas como família e dentro das questões concernentes à família.
Outro tema abordado no programa foi a questão do bullying. De acordo com a professora Marlene o bullying, apesar de não ser uma novidade, tem tomado proporções muito preocupantes. Segundo ela, é necessária um atenção redobrada da família e da escola, visando detectar o mais precocemente possível os casos desse tipo de abuso e tomar as providências necessárias para resolver a questão. Inclusive, o caso do Rio de Janeiro, onde o ex-estudante matou vários alunos foi também abordado e, na opinião da educadora, muito provavelmente, além de um sério problema mental, o autor da chacina também deve ter sofrido bullying, o que veio a contribuir para que ele tomasse a atitude de invadir a escola e executar os alunos. Professores, funcionários, diretores, pais e alunos devem somar forças para combater esse tipo de abuso.
Com relação ao tema progressão continuada, que diminuiu as reprovações automaticamente nas escolas, a professora acredita que aprovar deve ser, realmente, a vocação da escola. Porém, a lei que regulamentou esse sistema é uma lei simplista, que não contempla as reais necessidades e objetivos de um processo educacional eficiente. Segundo ela, o fato de uma determinada metodologia funcionar em determinado país, não implica em um êxito automático em outro. Uma colocação importante foi a de que, para ser secretário de educação do estado, é primordial ser professor. Isso evita que experimentos educacionais pseudo-inovadores sejam realizados sem que as devidas adaptações à realidade local sejam feitas. E tão importante quanto ser professor, que essa pessoa seja um profissional adequado, ou seja, que tenha experiência para cuidar do nível de educação ao qual seu cargo se destina.
Quando perguntada sobre a possibilidade de se ter uma faculdade presencial em Igarapava, ela respondeu que considera haver outras prioridades em termos de ensino superior, pelo fato de que escolher uma faculdade específica não atenderia à variedade de demanda e trazer várias faculdades é praticamente inviável. E mais, mesmo que se conseguisse trazer várias faculdades, a mão de obra para lecionar seria escassa e de difícil migração para a cidade e região. Dito isso e somado ao fato de que o ensino superior à distância tem atendido a demanda com eficiência, conclui que seria um investimento arriscado trazer faculdades presenciais para Igarapava.
Comentou também, a professora, que desde que conheceu o tele-curso ficou encantada e percebe ser a modalidade de ensino do futuro, como vêm demonstrando os inúmeros cursos superiores à distância que proliferam por todo o Brasil. Na nossa região, por exemplo, onde muitos trabalhadores do setor de açúcar e álcool trocam de turno, o ensino à distância veio propiciar que os mesmos completem o ensino superior, o que seria impossível no sistema presencial. Mais uma conclusão relevante de D. Marlene é que o ensino presencial, apesar de sua importância atual, vai acabar se tornando inviável e ultrapassado.
Na opinião da professora Marlene Barbosa, a juventude igarapavense tem uma certa dificuldade em encontrar ambiente adequado para estudar fora da escola. Ela considera que uma melhor biblioteca, com um acervo mais completo e que funcione num período de tempo maior, possa ajudar nessa questão. Foi nesse ponto da entrevista que ficou definido que convidaríamos a sua colega, D. Marlene de Lurdes Silva, diretora do departamento municipal de cultura, para vir ao C.Q.D. e discutirmos como o programa e os cidadãos de Igarapava podem, unidos, ser parceiros do departamento de cultura. Convite esse que foi prontamente aceito pela diretora e o resumo da entrevista nossos leitores poderão acompanhar nessa mesma edição.
Uma outra discussão interessante foi com relação aos autodenominados “sistemas de ensino” que estão entrando na educação dos municípios. Na opinião da professora, o fato de se adotar sistema apostilado “engessa” a metodologia ou seja, torna a educação pasteurizada, sistematizada com exagero, visto que cada cidade e cada escola possuem sua vocação. Inclusive, essa é uma preocupação no seu atual trabalho, como diretora no Lar Escola Alvorada Nova. Há, nessa escola, um plano educacional que prioriza a formação do ser humano, a multiplicação dos ideais educacionais nos lares dos alunos (motivo de ser aceito apenas um aluno por família), um crescimento vertical da escola (com apenas uma sala de cada série) e um ambiente de trabalho fraterno, que envolve direção, funcionários e alunos.
E assim, basicamente, se deu esse C.Q.D. com a grande professora Marlene Barbosa. Obrigado professora. Continue sendo essa pessoa moderna e antenada. Esperamos que logo possa estar conosco novamente na Rádio Cidade Fm.

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