Em todo Brasil, proliferam concursos e eleições para intitular o(s) professor(es) nota 10, seja dentro de uma escola, num município, região, estado ou mesmo a nível nacional como faz a revista especializada em educação Nova Escola.
Num papo mais informal, independentemente de concursos, que possuem parâmetros objetivos e pré-definidos, o que nos faria intitular um professor como Mestre Nota 10?
Bem, quando fui escolhido e participei do quadro “Professor Nota 10”, do programa Tempo Cultural, na Rede TV de Goiânia, o critério era que o professor fosse diferenciado na atuação em sala de aula. No meu caso, acharam interessante o fato de eu usar animações em computador e experimentos com reciclados nas minhas aulas.
Já a maior parte da população brasileira acaba concordando que, desempenhando bem seu trabalho, apesar dos baixos salários, condições de trabalho, formação profissional acadêmica insuficiente e etc., a maioria dos professores brasileiros merece nota 10.
Segundo José Carlos Libâneo, doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC-SP, hoje professor titular da UFG-Goiânia, no seu livro “Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências educacionais e profissão docente” há dez características ou ações que fazem, hoje, um mestre nota 10:
1- Assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do aluno com a ajuda pedagógica do professor.
2- Modificar a idéia de uma escola e de uma prática pluridisciplinares para uma escola e uma prática interdisplinares.
3- Conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender.
4- Persistir no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma perspectiva crítica dos conteúdos, a se habilitarem a prender as realidades enfocadas nos conteúdos escolares de forma crítico-reflexiva.
5- Assumir o trabalho de sala de aula como um processo comunicacional e desenvolver capacidades comunicativas.
6- Reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação e informação na sala de aula (televisão, vídeo, games, computador, internet, CD-ROM, data-show, etc.).
7- Atender à diversidade cultural e respeitar as diferenças no contexto da escola e da sala de aula.
8- Investir na atualização científica, técnica e cultural, como ingredientes do processo de formação continuada.
9- Integrar no exercício da docência a dimensão afetiva.
10- Desenvolver comportamento ético e saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às relações humanas, a si próprios.
Gostei, mas eu faço questão ainda, mais romanticamente, de citar a colocação do, cada vez mais atual, Paulo Freire, em seu livro “Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à Prática Educativa” , que, aliada aos 10 itens acima, resume essa questão: “É assim que venho tentando ser professor, assumindo as minhas convicções, disponível ao saber, sensível à boniteza da prática educativa, instigado por seus desafios que não lhe permitem burocratizar-se, assumindo minhas limitações, acompanhadas sempre do esforço por superá-las, limitações que não procuro esconder em nome mesmo do respeito que me tenho e aos educandos” (p 79). Eis aí um Mestre Nota 10.
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
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