Na primeira parte desse artigo, deixamos evidente a necessidade de o professor moderno se moldar a atual realidade do mundo multimidiado, usando as ferramentas TCI - Tecnologias de Comunicação e Informação e, claro, o computador é a mais importante delas. É através dele que os alunos acessam redes no ciberespaço, compartilham projetos e bancos de dados, etc. Mas no Brasil a realidade tem sido outra. Segundo pesquisa do MEC, de 2007, a proliferação indiscriminada e mal gerenciada de laboratórios de informática nas escolas brasileiras piorou o ensino. Tanto que, de acordo com esses dados, os alunos que utilizam o computador na escola estão seis meses defasados nas disciplinas em relação aos demais, que não fazem uso dessa tecnologia.
Já ha algum tempo, pesquisas têm apontado a pequena ou nenhuma contribuição do computador para a melhoria do ensino nas escolas brasileiras. Mas nenhuma apresentava resultados tão negativos como essa, na qual especialistas coletaram os escores dos estudantes em três das últimas edições do Saeb, prova aplicada pelo MEC. Mas o que leva a esse quadro desapontador? Por que em outros países a experiência da implementação dos computadores no ambiente escolar funcionou?
Atesta a autora da pesquisa recente, Fabiana de Felício: “Sem a supervisão dos professores, as crianças perdem tempo em frente ao computador com atividades sem nenhuma relevância para o ensino”. Entenda-se essas atividades como games e salas de bate-papo. Nos países onde a política do computador na escola produz frutos gratificantes, os professores receberam treinamento para fazer uso dos computadores para finalidades pedagógicas, como por exemplo no Chile, onde 80% dos docentes foram capacitados para tal tarefa. Há países, como o Canadá, que adotam especialistas para criar e organizar bibliotecas de softwares e guiar os professores na suas aplicações em sala de aula.
Ora, para se formar um educomunicador é preceito básico o domínio mínimo do computador e dos caminhos pedagógicos de utilização dessa ferramenta para educar. Segundo Roseli Lopes, coordenadora do Núcleo de Sistemas Integrados da USP, “Aqui (no Brasil) os professores mal sabem ligar o computador”. É dela a responsabilidade da implantação daquele programa do governo federal, que visa entregar laptops aos 30 milhões de alunos da rede pública.
A fórmula é a seguinte: a informática tem que entrar para o cotidiano da escola, mas não de forma inconseqüente, ou puramente para satisfazer o “modismo”, ou ainda e mais irresponsavelmente para “tapar o sol com a peneira” (no caso, com o teclado).
Máquinas colocadas em sala de aula sem o devido critério não obterão resultados satisfatórios. É necessário capacitar professores, adaptar os equipamentos a projetos pedagogicamente viáveis e proporcionar um uso supervisionado dessa tecnologia pelo estudante. E essas ações são responsabilidade dos governos federais, estaduais e municipais, no que diz respeito à rede pública de ensino, das mantenedoras de instituições particulares de ensino básico e superior e, em última, mas não menos importante instância, dos próprios professores que devem criticar e fiscalizar tanto a falta do computador na escola quanto o seu uso ineficiente. Que necessitam cobrar essas ações das instituições ou órgãos competentes e que precisam, na medida do possível, eles mesmos procurarem se capacitar, usando quaisquer meios competentes aos quais tenham acesso, desde a mobilização da categoria até buscas individuais por cursos, publicações e outros instrumentos que o auxiliem nesse aprendizado, tais como essa coluna.
Aguaremos suas mensagens para troca de experiências, dicas de como se capacitar, sugestões para aplicação do computador de forma pedagogicamente coerente, etc., no endereço kikofisica@gmail.com .
Ainda em oportunidades futuras, continuaremos a falar de educomunicador e verão que o computador é apenas um dos instrumentos de que faz uso este profissional e que muitas ferramentas legais e eficientes para a educomunicação são ou já foram usadas pela maioria dos professores que nos lêem, mesmo que eles não soubessem que estavam se educomunicando. Até lá.
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
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